A história de um cãozinho chamado Leãozinho


Dos vários animais de estimação que tive, um cachorrinho ,que se chamava Leãozinho nunca sairá da minha lembrança. Ele era um “vira-latas” mestiço com pastor alemão.

Quando Leãozinho apareceu na minha porta eu o acolhi com muita alegria, pois não havia nenhum outro cão nem gato em casa, so um periquito. Ganhamos um companheiro. Sua primeira caminha foi uma caixa de sapatos. Meus filhos ainda eram muito pequenos e Leãozinho cresceu com eles, com todo o mimo; brincava com as crianças, rolavam pelo chão da casa, meus filhos colocavam a mão dentro da boca do bichinho sem que ele os machucasse, de forma alguma. Ele era muito amigo e nos amava. Para todo lugar que eu ia com os meninos, Leãozinho ia junto no carro também. Mas para com os invasores ele era implacável, pois ele era muito valente e forte, apesar de sua pequena estatura, não media esforços para nos defender: enfrentava até outros animais com o dobro do seu tamanho.

Quando eu saía para trabalhar deixava o periquito, pendurado em sua gaiola, na varanda da casa e Leãozinho tomava conta dele e também da casa. Uma vez cheguei em casa e percebi que alguém tentou roubar a gaiola do periquito, sem resultado porque Leãozinho não deixou que o ladrão entrasse de jeito algum. A pessoa tentou pegar a gaiola com uma vara comprida mas a deixou, e nem conseguiu pegar de novo a vara porque possivelmente foi atacado pelo nosso guardião, o Leãozinho.

Certa vez, ao chegar em casa encontrei nosso Leãozinho muito doente, com infecção generalizada. Eu o internei em uma clínica e o veterinário disse que ele havia sido envenenado e que não resistiria. Todos os dias eu e os meninos visitávamos o cãozinho duas vezes por dia. Ficávamos conversando com ele mesmo sem ter certeza de que ele ouvia, pois estava em coma. Depois que saíamos ele começava a reagir, sua temperatura foi subindo e a pulsação também, melhorando gradativamente. Após 15 dias ele teve alta e foi para casa em estado bem precário: suas duas córneas se soltaram. Todos os dias eu o levava para tomar injeções e fazia curativos nos olhos com uma pomada recomendada pelo veterinário. Depois de um mês suas córneas se restauraram completamente. O Veterinário foi a um congresso na UFMG e até apresentou em sua palestra o caso "Leãozinho".

Bom, para finalizar: Um dia recebi a notícia no meu trabalho, por um telefonema da minha empregada, que Leãozinho havia morrido. Eu chorei muito e fui até liberada pelo meu chefe, mas ao chegar em casa, para minha surpresa não encontrei mais o corpo do animal; havia sido jogado em um rio que passava por perto da rua onde eu morava e, acredito que o cãozinho ainda estivesse vivo quando o jogaram.

Muito tempo depois fiquei sabendo, por uma vizinha, que foi a mesma empregada quem havia apertado uma coleira tipo “enforcador” - que Leãozinho usava quando era levado à rua por mim - depois de ter passado mal com o mesmo sintoma de quando foi envenenado. Soube também, que foi essa mesma pessoa que o havia envenenado da primeira vez e, para que ele não tivesse uma segunda chance, depois de enforcá-lo jogou-o dentro do rio para que eu não o encontrasse vivo e o levasse para a clínica. É muito triste ficar sabendo que não se pode confiar em determinadas pessoas para tomar conta de nossos animais em nossa ausência.

Já se passaram 22 anos e Leãozinho não saiu da minha memória e coração.

(Ishani D.D.)

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